Você quer saber como funciona a captação de recursos no terceiro setor?
A captação de recursos para organizações do terceiro setor é fundamental, uma vez que é ela quem irá ditar a expansão das atividades realizadas pelo projeto social, cultural ou de outras modalidades.
É através dos recursos – dinheiro – que entra no caixa da organização, através de um plano de captação de recursos bem feito, que as atividades poderão crescer e melhorar tanto de forma quantitativa como qualitativa.
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Neste artigo vamos falar sobre:
- O que é a captação de recursos para organizações do terceiro setor;
- O que é um plano de captação de recursos para o terceiro setor;
- Formas sobre como captar recursos para o terceiro setor.
Vamos lá!
O QUE É A CAPTAÇÃO DE RECURSOS PARA ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR?
A captação de recursos para organizações do terceiro setor é o processo de obter recursos financeiros, materiais ou humanos de fontes externas para financiar as atividades dessas organizações, como ONGs, fundações, associações, entre outras.
Esses recursos são fundamentais para que as organizações possam realizar seus projetos e ações das causas sociais pelos quais lutam, uma vez que elas, em sua maioria, não têm fins lucrativos e dependem de recursos externos para manterem suas atividades.
O QUE É UM PLANO DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS PARA O TERCEIRO SETOR?
O plano de captação de recursos para ONGs e projeto sociais é um documento que irá nortear quais serão as estratégias utilizadas pela organização para garantir a sustentabilidade financeira de suas ações.
Ou seja, o plano de captação de recursos deverá apontar, de forma clara, quais serão as fontes de receitas que a organização buscará para viabilizar sua missão institucional.
Resumindo: o plano de captação de recursos para uma ONG deverá apresentar as metas de curto, médio e longo prazo de atuação social, assim como apresentar as linhas de receita que a organização tem em vista desenvolver e quais serão os setores responsáveis por cada área de atuação.
Ficou perdido?
Calma, a gente vai te passar o passo a passo de como estruturar um plano de captação de recursos para projetos sociais.
Vamos lá.
Plano de Captação de Recursos.
O objetivo do plano de captação de recursos é criar uma estratégia de financiamento das atividades da organização.
Para isso, é importante que a organização defina quais serão os mecanismos que ela utilizará para garantir a sustentabilidade financeira do projeto social e quais recursos ela irá destinar para alcançar esse objetivo.
A captação de recursos é essencial para o plano de negócio de uma ONG, pois é ele quem vai apresentar como a organização conseguirá se manter financeiramente e prosperar no terceiro setor.
Elencamos potenciais fontes de recursos para sua organização.
- Captação de recursos privados
- Editais
- Financiamento Coletivo
- Captação de Recursos Internacionais
- Doação de pessoas físicas
- Emenda parlamentar
A escolha da estratégia de captação de recursos pela ONG vai depender muito da sua realidade.
Para facilitar vamos abordar cada estratégia, apresentando os pontos positivos e fracos de cada uma.
Captação de recursos privados
Imagine uma organização que tem seu trabalho desenvolvido na área da cultura ou do esporte. Essa organização poderá optar pela estratégia de captação de recursos privados através das leis de incentivo à cultura e do esporte.
Nos anos 80, o Brasil criou algumas políticas de incentivo em áreas-chave para o desenvolvimento do país.
A mais conhecida delas é a Lei Rouanet, que possibilita que empresas enquadradas tributariamente no Lucro Real, possam destinar até 7% do seu imposto devido para projetos sociais da área da cultura e do esporte, criando assim uma linha de financiamento de projetos sociais e ONGs de suma importância para o desenvolvimento do terceiro setor no Brasil.
Além da lei Rouanet, existem também mecanismos no nível estadual e municipal, onde impostos destas esferas podem ser destinados para projetos sociais, como no caso do ISS e do ICMS.
A lógica é a seguinte: ao invés do imposto ser destinado ao governo, a empresa pode optar por destinar parte desse imposto para projetos sociais.
Em se tratando de volume, as leis de incentivos se configuram como a estratégia onde é possível captar um montante relevante de recursos para organizações sociais e isso é fundamental para o plano de negócio para uma ONG que tenha uma estrutura maior, que necessita de um maior capital de giro.
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O lado positivo dessa estratégia é a possibilidade de captar recursos volumosos, caso sua organização tenha uma estrutura de capital robusta.
O lado negativo é que o processo para aprovação do projeto nas leis de incentivo municipal, estadual e federal pode ser bastante complicado para quem nunca realizou esse processo.
É importante entender que após conseguir a aprovação dos órgãos governamentais para captar recursos, existe uma etapa seguinte que é a busca por empresas que tenham interesse em destinar recursos para seu projeto social.
Ou seja, conseguir a aprovação dos órgãos de governo para captar não garante que você conseguirá recursos.
Mas não desanime, conhecemos organizações que não tinham conhecimento algum sobre as leis de incentivo fiscal e pouco a pouco, estudando a temática, buscando soluções e costurando parcerias, conseguiram estabelecer uma fonte de recursos importantes e volumosos para financiar seus projetos.
Existem também as curadorias culturais, que são organizações que realizam o trabalho de captação de recursos junto as empresas.
Normalmente, eles cobram um percentual de 8-10% do valor captado como forma de remunerar os serviços de consultoria. O lado positivo de contratar uma curadoria cultural é que você só paga o valor acordado em contrato, caso a captação de recursos de fato aconteça.
Portanto, a captação de recursos privados não pode ficar fora de plano de negócio para uma ONG que visa ter recursos mais volumosas para sua atividades sociais.
Editais
Os editais são o mecanismo de captação de recursos mais conhecidos por quem trabalha no terceiro setor.
É através do edital que organizações inscrevem seus projetos como forma de conseguir financiar atividades específicas.
O lado positivo dos editais é que ele é uma estratégia bastante democrática e que possibilita, inclusive, que organizações menores, que estão dando os primeiros passos, consigam aquele recursos tão importante para iniciar suas atividades.
No Brasil, recomendamos fortemente a plataforma do PROSAS para ficar por dentro dos editais que acontecem no território nacional.
O lado negativo de captação de recursos via edital é que normalmente o recurso é “carimbado”, ou seja, você precisa destinar o recurso especificamente para as rubricas que apresentou no edital, sem a possibilidade de utilizar o recurso captado para despesas operacionais que não estão contempladas pelo edital.
Financiamento Coletivo
O financiamento coletivo, crowdfunding em inglês, é uma forma de captação de recursos recente e que se assemelha muito a antiga vakinha.
No financiamento coletivo, a organização cria uma campanha nas plataformas de crowdfunding como Catarse, Kickante e Benfeitoria com um valor a ser captado para determinada ação.
Você pode criar uma campanha para financiar qualquer atividade pontual que acredita que pode receber financiamento através de pessoas físicas que entrem em contato com sua organização.
O desafio das campanhas de crowdfunding é como ativar sua rede de relacionamento para que elas se sintam convidadas a realizar um aporte na plataforma de financiamento colaborativo.
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Normalmente, ONGs e projetos sociais que tem uma presença forte nas redes sociais e realizam um trabalho na área de marketing digital tem maior propensão a conseguir arrecadar o valor total da campanha de financiamento colaborativo.
Isso se explica porque toda a captação de recursos desse tipo de estratégia tendo um desdobramento quase que exclusivo no ambiente digital e normalmente tem maior apelo com pessoas mais jovens, que utilizam no seu cotidiano as redes sociais e outros canais digitais.
Captação de recursos internacionais
A captação de recursos internacionais também é uma possibilidade que não pode ser descartadas pelas organizações.
Existe o pensamento limitante de que “minha ONG é muito pequena para conseguir investimento internacional” entre muitos gestores de projetos sociais menores.
Essa linha de pensamento existe pela falta de informação sobre o assunto e pela falsa constatação de que não existe interesse de órgãos internacionais no investimento social de ONGs no Brasil.
É importante saber que o Brasil tem relações bilaterais com muitos países e que essas relações presupõe investimentos em áreas essenciais para o país como educação, combate a miséria e saúde.
E quem é entrega resultado nessas áreas essenciais? As ONGs, projetos sociais e entidades do terceiro setor.
Nossa recomendação é visitar os sites de embaixadas de outros países no Brasil e realizar um contato com a proposta de apresentação da sua organização visando apoio financeiro.
Acreditamos que é importante avaliar todas as possibilidade no seu plano de negócio para uma ONG, até mesmo aquelas que pareçam inalcançáveis.
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Algumas embaixadas têm claro qual é o investimento social que realizam no Brasil, como é o caso da embaixada japonesa, que destina recursos para a compra de equipamentos na área da saúde e que trarão grande impacto na população em que a organização atende, como, por exemplo, a compra de um tomógrafo para uma Santa Casa de Saúde.
Elencamos alguns países com acordos bilaterais com o Brasil na área social e que você deveria pesquisar para buscar essa importante linha de captação de recursos.
- Nova Zelândia
- Japão
- Austrália
- Estados Unidos
- Inglaterra
- Alemanha
- Dinamarca
Doação de Pessoas Físicas
A captação de recursos através de doação de pessoas físicas também é uma estratégia relevante para ONGs.
Este tipo de estratégia faz mais sentido para organizações sociais que contam com uma rede extensa de pessoas que acompanham o trabalho e fazem as atividades acontecerem na ponta.
Essa rede extensa de pessoas que acreditam na organização vai ser importante para garantir volume de doadores mensais para sua organização.
O apadrinhamento talvez seja a campanha de captação de recursos com pessoas físicas mais conhecida no Brasil. Em parte pela sua facilidade de comunicar como a doação será destinada para manter uma criança no projeto.
Ao individualizar a doação, o doador tem sensação mais concreta de como seu dinheiro esta impactando positivamente a vida de uma criança.
Porém, do ponto de vista da ONG ou projeto social, é importante que a organização tenha em mente um objetivo de arrecadação com essa estratégia porque normalmente os custos para manutenção dessa linha de receita inicialmente pode ser alto.
Os custos de manuntenção envolvem os materiais de comunicação que serão enviados aos doadores e também a gestão de pagamento desses doadores.
Gerir dois doadores mensais é uma coisa, outra coisa totalmente diferente é gerir 100-200 doadores, que normalmente é um número importante visando um aumento do volume de doações.
Portanto, antes de iniciar qualquer campanha de doação de pessoas físicas como o apadrinhamento, é importante estabelecer qual é o objetivo de arrecadação.
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Exemplo: com a campanha de apadrinhamento, visamos apadrinhar 200 crianças em até 15 meses, com uma doação mensal de R$50 por doador e enviar 1 material de comunicação por mês com custo unitário de R$20,00.
Ou seja, o valor arrecado com essa campanha seria de R$10.000 com um custo de manuntenção de R$4.000, resultando em R$600 de verba livre para a organização gastar como entender melhor.
O lado positivo desse tipo de campanha é justamente a geração de receita “sem carimbo”, ou seja, receita que a organização tem liberdade de direcionamento e não precisa seguir uma linha específica de alocação do recurso.
O lado negativo é que dependendo da quantidade de doadores pessoas físicas, você precisará contratar uma pessoa para realizar a gestão dos doadores, afinal, organizar pagamentos que não cairam, pagamentos por boleto que não foram feitos e outras questões diretamente relacionadas ao recebimento da doação são necessária para garantir previsibilidade de receita.
Emenda Parlamentar
A emenda parlamentar é um tipo de recurso esta acessível para as organizações sociais acessarem.
A grande questão é que a forma como esse recurso é disponibilizado varia muito de acordo com o parlamentar. Enquanto temos deputados federais que criam editais abertos para a participação de organizações da sociedade civil, existem outros parlamentares em que o direcionamento desse tipo de verba é um segredo.
Por lei, 50% do valor das emendas parlamentares são destinadas para organizações da saúde. Com isso, se a sua organização atua nessa área, é imprescindível conhecer melhor como acessar esse tipo de recurso para garantir a perenidade da sua organização no longo prazo.
O lado negativo desse tipo de estratégia é que muitas vezes é difícil entender os pormenores e detalhes de como esses recursos são destinados a depender do parlamentar.
O deslocamento geográfico até Brasília, para apresentar os projetos de uma ONG para um parlamentar, também configuram uma barreira negativa para este tipo de recurso.
O lado positivo é que uma vez estabelecido o relacionamento com o deputado federal, é possível receber o recurso no período de mandato daquele parlamentar e garantir recurso por ao menos quatro anos.
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A emenda parlamentar deve ser avaliada antes de ser incluido no plano de negócio para uma ONG, pois ela tem desafios muito específicos e dificuldades naturais no processo de obtenção desse recurso.
Finalizando
É importante esclarecer que este post não tem o objetivo de abordar todas as formas de captação de recursos para projetos sociais, mas sim apresentar um panôrama dos principais mecanismos que são utilizados hoje para garantir a saúde financeira de ONGs, organizações e projetos sociais.
É do nosso mais íntimo desejo que todos os projetos sociais, que apresentam resultados relevantes em seu território, consigam alcançar o tão desejado recurso para causar impacto social.
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